Bolsonaro e empresários tentam genocídio de trabalhadores

Ensaio SP vista da janela na quarentena – Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Um grupo de empresários — listados abaixo — reuniu-se no dia 22 de março de 2020 com representantes do governo Bolsonaro para, de acordo com algumas fontes, proporem a Medida Provisória do Mal (MP 927, 22/03/2020). A MP se aproveitou do argumento jurídico da exclusão de responsabilidade por caso fortuito, decorrente do estado de calamidade pública reconhecido pela pandemia do Covid-19, e impôs severas restrições unilaterais aos direitos dos trabalhadores brasileiros. A mais covarde e brutal delas, a suspensão do pagamento de salários, quando os trabalhadores não podem sair de casa para trabalhar.

Os empresários se aproveitaram de um presidente despreparado, sem liderança e completamente incapacitado mentalmente, para incentivá-lo a fazer o que ele mais gosta: a prática de atos de maldade contra a população. Assim ele está fazendo desde o início do seu governo, ao propor e conseguir aprovar uma reforma da Previdência, em que nenhum brasileiro conseguirá se aposentar de forma digna e justa. Maltrata e incentiva o genocídio contra os povos indígenas; desrespeita quase que diariamente os direitos humanos e defende a implantação de uma ditadura, retrocesso que, pelo visto, conta com o apoio de muitos empresários.

O momento que o país atravessa demanda muito mais que ações coercitivas e oportunidades para gerar mais ganhos a empresários, uma vez que estamos diante da pandemia que abateu o mundo e ceifa milhares de vidas. É hora de pensar em como prover a saúde e a dignidade dos cidadãos, e não de garantir a segurança da riqueza dos poucos ricos, que se mostram mesquinhos e desumanos.

O país tem recursos financeiros suficientes para assegurar a manutenção no emprego e o pagamento dos salários dos trabalhadores, com capacidade inclusive para estabelecer um seguro social para proteção dos mais de 40 milhões de trabalhadores informais (que perderam seus empregos com a reforma trabalhista, realizada somente para ampliar os lucros destes perversos empresários) e para ajudar a sustentar os negócios dos médios, pequenos e microempresários. O Brasil tem em caixa R$ 1,3 trilhão, sendo que o valor destinado aos serviços da dívida interna no Orçamento Anual da União somam nada menos do que 70% disso, ou R$ 917 bilhões.

Beneficiários diretos da rolagem interminável da dívida pública federal, em 2019, somente os bancos Itaú, Bradesco e Santander tiveram lucros recordes de, respectivamente, R$ 26,5 bilhões, R$ 22,6 bilhões e R$ 14,1 bilhões. Sem pagarem nada de Imposto de Renda sobre a distribuição de lucros e dividendos.

Parte deste dinheiro que hoje vai para o sistema financeiro — arrecadado dos trabalhadores e dos brasileiros mais pobres, uma vez que o sistema tributário incide basicamente sobre eles, por meio do consumo, mesmo de bens essenciais — poderia ser utilizada na contenção da crise sanitária decorrente da Covid-19, empregada na saúde; no seguro social cidadão, para garantir o mínimo para a sobrevivência de trabalhadores informais; no seguro social empresarial, em auxílio aos médios, pequenos e microempresários; e para pagamento do salários dos trabalhadores empregados, enquanto durarem as restrições de circulação impostas pelo combate à disseminação do vírus.

Aos bancos não se impôs nenhuma restrição; não suspenderam o pagamento das dívidas bancárias nem dos cartões de crédito; ao contrário, terão acesso a redução de taxa de depósito compulsório, financiamento público do BNDES e suspensão do pagamento de tributos, caminho procurado também por muito empresários.

O perverso governo de Bolsonaro, além de atender somente aos interesses dos empresários, dentro da sua lógica de maldades, decidiu impor aos trabalhadores o não recebimento dos seus salários. Decerto para levá-los ao desespero, no intuito de provocar o caos social, que lhe possibilitaria materializar o seu maior desejo: a implantação de um Estado de Sítio para consolidar seu propósito ditatorial.

Além de um governo integralmente despreparado para solucionar os problemas da sociedade, ainda temos a associação nefasta com este corpo de empresários, que, agindo em proveito próprio, incentivam a manutenção de um governo que acabou faz tempo!

EMPRESÁRIOS QUE PARTICIPARAM DA REUNIÃO COM BOLSONARO

Abílio Diniz – Presidente do Conselho da Administração da Península Participações
Candido Pinheiro – Presidente do Conselho de Administração da Hapvida
Carlos Sanchez –  Presidente do EMS e Presidente do Conselho de Administração do Grupo NC
Carlos Zarlenga – Presidente da GM da América do Sul
Christian Gebara – Presidente e CEO da VIVO
David Feffer – Presidente do Conselho de Administração da Suzano S.A
Edson Queiroz Neto – Presidente Grupo Edson Queiroz
Elie Horn – Fundador e Presidente do Conselho de Administração da Cyrela
Eugênio De Zagottis – Vice-presidente do grupo Raia Drogasil e Presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias ( Abrafarma)
Flávio Rocha – Presidente das Lojas Riachuelo S.A
Jean Jereissati Neto – CEO da Ambev
Jerome Cadier – CEO da Latam Airlines Brasil
Juliana Azevedo – Presidente da Procter & Gamble Brasil
Lourival Nogueira Luz Junior – CEO BRF
Luiz Carlos Trabuco – Presidente do Conselho de Administração do Bradesco
Marcelo Melchior – Presidente da Nestlé
Martus Tavares – Vice-presidente de Assuntos Corporativos da Bunge Brasil
Patrick Mendes – CEO do Grupo Accor
Paulo Moll – Diretor da Rede D’Or
Paulo Skaf – Presidente da Fiesp e do Ciesp
Rubens Ometto – Presidente do Conselho de Administração da Cosan
Thierry Fournier – Delegado Geral da Sain Gobain no Brasil, Argentina e Chile

SOS Brasil Soberano

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