Infâmia: a mídia e os mecanismos de destruição de reputações

Em 1934 estreava na Broadway o primeiro texto para teatro da escritora norte-americana Lillian Hellmann. “The Chidren’s Hour”, em plena vigência do fascismo, demonstrava os estragos profundos que a mentira pode acarretar seja em que contexto for. A peça trata de uma falsa acusação de relação homossexual entre duas professoras de uma escola para meninas, e fez estrondoso sucesso, embora tenha sido proibida em cidades como Boston, Chicago e Londres.

Em 1961 a peça teve a sua segunda versão para cinema, dirigida por William Wyler, cineasta norte-mericano nascido na Alsácia, que se tornou referência em Hollywood, a partir dos anos 30. O filme foi protagonizado por duas atrizes excelentes – Audrey Hepburn e Shirley MacLaine.

Tantos anos depois, vivemos no Brasil situações em que o mesmo princípio sórdido, tão bem encenado por Hellmann – acusações sem provas – destrói projetos, famílias e reputações. Como no caso da Escola Base, em São Paulo, em 1994. Os proprietários, uma professora e o seu esposo, mais o motorista foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos. Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades.. O caso acabou arquivado por falta de provas.

Mais recentemente, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, suicidou-se, envolvido em levianas acusações na Operação Lava Jato. Ele foi preso, humilhado, impedido de entrar na universidade e não aguentou as pressões absurdas.

Infâmia é a tradução da força da maldade que se espalha como rastilho de pólvora.

* Assessora de Imprensa/SOS Brasil Soberano

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