Mais um crime no campo: Márcio Matos, presente!

Márcio Matos, de 33 anos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na Bahia, foi assassinado na noite de 24 de janeiro, em sua casa, no Assentamento Boa Sorte, em Iramaia, na região da Chapada Diamantina. Marcinho, como era conhecido, foi morto com três tiros na frente do seu filho, de seis anos. No velório do dirigente, realizado na última sexta-feira (26) com a presença de amigos, companheiros e familiares, a criança alisa o caixão e ergue o punho ao acompanhar a homenagem ao pai.

Dezenas de organizações sociais divulgaram notas de solidariedade e pesar em apoio ao MST e aos familiares de Márcio Matos, que foi coordenador estadual do movimento e integrante da executiva nacional, segundo o site da Comissão Pastoral da Terra (CPT). “A Pastoral também se solidariza com os camponeses e camponesas e todas as lideranças do MST e, ao mesmo tempo, repudia toda essa violência que se alastra no campo brasileiro”, afirma, em nota, a CPT.

O MST, também em nota, destacou que “a morte do companheiro se soma a um triste cenário nacional de violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo. 2017, de acordo com a CPT, foi um ano sangrento.” Os dados da entidade apontam que pelo menos 65 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo, número que dá ao Brasil o título de país mais violento com as populações camponesas no mundo. “Este é um momento de luto, mas também de luta”, continua o texto do MST. “Por isso, exigimos que a Justiça inicie imediatamente as investigações sobre o assassinato de Márcio. Não permitiremos que essa morte passe impune e daremos continuidade a luta popular travada por ele nas diversas trincheiras”.

Márcio Matos morava há dez anos no Assentamento Boa Sorte, localizado no Vale do Paraguaçu, onde desenvolveu-se intensa resistência camponesa à ditadura, na década de 1970. Natural de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, tornou-se uma das principais lideranças Sem Terra no estado, conhecido pela articulação com os partidos de esquerda, movimentos e organizações populares. No MST, assumiu a direção nacional ainda jovem e permaneceu na tarefa por oito anos, se destacando pelo perfil de mobilizador das massas. No último período, assumiu a Secretaria de Administração de Itaetê e contribuiu diretamente com a Esquerda Popular Socialista (EPS), corrente interna do Partido dos Trabalhadores (PT).

Há cinco anos, o MST perdeu outro dirigente, Fábio Santos, que foi assassinado com 15 tiros na frente de sua companheira e filhos, no percurso que realizava entre a sede do município de Iguaí ao distrito de Palmeirinha, ambos no Sudoeste da Bahia. Até então, ninguém foi preso e a impunidade persiste.

Você pode gostar...