A proposta de voltar a discutir o semipresidencialismo, ou semiparlamentarismo, é mais um golpe em curso no país, com o objetivo de impedir a vitória de Lula nas eleições de 2022. O alerta é da ex-presidenta Dilma Rousseff, afastada há cinco anos, em um processo de impeachment sem crime de responsabilidade. “Talvez seja a quinta fase do golpe que começou em 2016, apresentado agora contra o presidente Lula, porque ficou claro que Lula é uma alternativa concreta de poder. E ele tem as condições para articular um processo de transformação, por cima e por baixo.”
Durante Soberania em Debate, realizado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), nesta sexta-feira (16), Dilma destacou a importância de a sociedade se manter atenta a mais essa manobra. “De olho neles”, advertiu. “Esses que tentam mais uma vez reconstruir o semipresidencialismo, o que eles querem? Querem manter a aparência de que o país mudou, mantendo o Centrão no controle do processo político e econômico do Brasil. Mais uma vez, eles querem o desastre.”
Para a ex-presidente, a ideia surge porque as forças conservadoras não conseguiram viabilizar uma opção eleitoral competitiva para 2002. “Essa questão do semiparlamentarismo é uma espécie de segunda via. A terceira via não existe, não tem substância. Então vão partir para uma segunda via.” Um expediente que tenta repetir o recurso utilizado em 1961 contra a posse de João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros. “Já derrotamos o parlamentarismo várias vezes. Lá [no plebiscito que recusou o regime, em 1963] e recentemente, quando votamos [em abril de 1993]”, lembra a ex-presidente.
O golpe “sistemático e cumulativo” já mostrou que não tem limites, observa Dilma, ao fazer prender Lula, apesar de inocente, em meio a uma complexa operação que envolveu Judiciário, Legislativo, mídia. “Já fizeram uma coisa absolutamente inadmissível com o presidente Lula ao colocá-lo 580 dias preso”, ressalta. “E ele era inocente. Não tem nada mais grave do que colocar uma pessoa inocente presa, por razões políticas, porque se sabia que ele ganharia as eleições. Então, agora, mais uma vez isso pode ocorrer. É um alerta para nós termos muito claro que aqueles que propõem isso estão interessados na versão João Goulart.”