Fernando Penna, historiador e professor da Universidade Federal Fluminense — “Quando se fala em soberania, em termos educacionais, eu penso muito no fortalecimento da escola pública. E estamos vivendo um momento no qual a escola está sendo atacada por interesses privados. Na área há um termo para se referir a isso: os reformadores empresariais da educação. São grupos privados, fundações, movimentos que de uma maneira geral que acham que a solução para o problema da educação no Brasil seria aplicar um modelo de gestão empresarial, sem considerar suas especificidades. No caso da educação, então, a soberania viria com o fortalecimento da rede pública, valorização dos professores – investindo na formação continuada deles – , sem necessidade de recorrer a fundações privadas, ou a entregar parte da formação dos alunos a interesses privados. E aí temos que falar da Reforma do Ensino Médio, que, ao abrir um itinerário formativo que fala de formação profissional e técnica sem oferecer infraestrutura básica para que as escolas possam fazer isso. Porque, dentro da reforma, todas as escolas vão poder oferecer itinerários formativos como o da formação técnica e profissional, e temos todos os investimentos congelados com a PEC. Como as escolas estaduais que fazem a educação do ensino médio poderão oferecer formação técnica sem infraestrutura necessária, se não temos dinheiro para investir? Certamente abre espaço para parcerias público-privadas e o enfraquecimento da escola enquanto espaço dessa formação. (…)”
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