Para o médico sanitarista e ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, a declaração do ministro Ricardo Barros – de que exames que têm resultado normal representam “desperdícios que precisam ser controlados” – soa como uma acusação ao desempenho ético dos médicos brasileiros. “A declaração do ministro é mais uma evidência de sua fragilidade para enfrentar os desafios contemporâneos da saúde brasileira. Não se trata apenas da demonstração de ignorância sobre tema, que é sim muito importante e complexo, e que envolve múltiplos aspectos, entre eles o da formação médica, mas também o do modelo de remuneração dos serviços e o intenso processo de medicalização em curso na medicina brasileira, entre outros. Mas explicita a superficialidade com que o tema é abordado o que faz com que, nesse contexto, a declaração soe como uma acusação leviana sobre o desempenho ético e profissional dos médicos brasileiros.”
Barros deu a declaração em entrevista à BBC Brasil, no último dia 8 de abril, em Cambridge (EUA), onde participava da Brazil Conference, organizada pela Universidade Harvard.
Não é a primeira vez que Barros revela desconhecimento e preconceito em relação ao setor de saúde. Já ministro, em agosto de 2016, foi atribuída a ele a declaração de que “os pacientes do SUS inventam [ou imaginam] doenças". Entidades médicas criticaram a fala e ministro explicou que: "eu falei que as pessoas correm aos postos de saúde com efeitos psicossomáticos’. No mesmo mês, disse que os homens procuram menos os serviços de saúde porque trabalham mais que as mulheres. “É uma questão de hábito, de cultura. Até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias. Eles não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva”, disse. A declaração foi considerada "desastrosa" dentro do próprio governo Temer, e o ministro se desculpou em redes sociais. A afirmação contrariava dados da própria pesquisa divulgada pelo Ministério, na mesma data.
Segundo a Wikipedia,“Barros é investigado por suposta fraude em licitação para publicidade realizada em 2011, no segundo mandato de seu irmão, Silvio Barros II (PP), como prefeito de Maringá. Como deputado relator do Orçamento da União de 2016, Ricardo Barros envolveu-se em polêmica com relação aos cortes que promoveu nas dotações para a Justiça do Trabalho, o que acabou resultando em uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal.[5] Em seu relatório, Barros justificou os cortes por desejar ‘estimular uma reflexão’ sobre a flexibilização do Direito do Trabalho, cujas regras, nas suas palavras, ‘são extremamente condescendentes com o trabalhador’.“ Como deputado, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, foi um dos nove votos vencidos contrários à admissibilidade do processo que pedia a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).