Nas últimas semanas, várias categorias, em diferentes estados brasileiros, aprovaram sua adesão à greve geral do dia 28 de abril contra as reformas do governo ilegítimo de Michel Temer, incluindo Previdência, legislação trabalhista e terceirização. "Vamos parar o Brasil" é o tema do protesto, que tem o apoio do II Simpósio SOS Brasil Soberano, marcado para a véspera da paralisação, no dia 27 de abril, em Salvador (BA), como parte das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, e da soberania nacional.
O II Simpósio Brasil Soberano será realizado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado da Bahia (Senge-BA) e pelo Sindicato dos Professores de Instituições de Ensino Superior da Bahia (Apub), das 9h às 18h, no auditório da Escola Politécnica da UFBA. Com o tema “Engenharia, tecnologia e aproveitamento de recursos naturais”, integra um calendário de quatro encontros com especialistas, acadêmicos e representantes do movimento social, que visa contribuir para construir, colaborativamente, um projeto para o país, baseado na defesa de direitos e da soberania nacional. Iniciativa é do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federal Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), o I Simpósio ocorreu no Rio de Janeiro, no dia Nacional de Lutas, 31 de março, com o tema Contra a crise, pelo emprego e pela inclusão. Os próximos estão programados para Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
Ainda como parte das mobilizações para a greve geral, uma rodada de entrevistas com participantes do II Simpósio Brasil Soberano será transmitida ao vivo e online no dia 26 de abril, das 19h às 20h, pelo site e pela página no Facebook do projeto SOS Brasil Soberano.
"A greve tem como objetivo defender os interesses da classe trabalhadora, em oposição à contrarreforma da Previdência, à contrarreforma trabalhista e à terceirização", afirma o presidente do Senge-BA, Ubiratan Félix. "Este governo não defende os trabalhadores”, diz.
“O Brasil vive tempos de retirada de direitos após o golpe presidencial", alerta Clovis Nascimento, engenheiro civil e sanitarista e presidente da Fisenge. "O governo ilegítimo de Michel Temer e a maioria conservadora do Congresso Nacional pretendem aprovar as reformas trabalhista e da Previdência, que significam o fim da CLT, uma das mais importantes conquistas, fruto da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras. Nós estamos mobilizados pela organização da greve geral do dia 28 de abril e convocamos homens e mulheres para ocuparem as ruas contra as reformas e os retrocessos. Nenhum direito a menos."
Para Claudia de Oliveira, diretora do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco (Senge-PE), é importante a participação da mulher trabalhadora e das engenheiras na paralisação, como forma de dizer não à tentativa de retirada dos direitos trabalhistas. "O movimento precisa reunir trabalhadores do campo e da cidade, toda a sociedade civil", destaca Joseraldo do Vale, presidente do Sindicato dos Engnheiros Agrônomos no Estado do Rio Grande do Norte (SEA-RN). "O governo golpista que se instalou no país está acabando com a engenharia e com o traBalho", insiste o vice-presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e diretor do Senge-PE, Roberto Freire. "Não podemos faltar à greve geral”.
Apoio internacional
Aeronautas, portuários, professores, bancários, entre muitas outras categorias, estão em intenso programa de mobilização para a paralisação, que recebeu o apoio de instituições globais de trabalhadores. As federações internacionais de trabalhadores da Construção e Madeira (ICM), metalúrgicos, químicos e têxtil (IndustriALL) e servidores públicos (ISP) estão articulando em suas entidades de base manifestações e ações de apoio à greve geral do dia 28 de abril no Brasil.
“Nesse dia, os sindicatos da ICM estarão entregando cartas de protesto nas Embaixadas do Brasil em vários países, em conjunto com os sindicatos afiliados à Internacional de Serviços Públicos (ISP) e IndustriALL Global Union, outras federações sindicais internacionais mobilizadas em apoio aos trabalhadores brasileiros”, informa o representante da ICM para América Latina e Caribe, Nilton Freitas.
No lugar das reformas, defende a ICM, seria mais adequado que o governo estivesse buscando os meios para retomar as milhares de obras paralisadas em todo o país, cujos investimentos altíssimos já realizados estão se deteriorando. “Enquanto isso, cerca de 13 milhões de pessoas perderam seu emprego e a arrecadação pública, evidentemente, despenca, reduzindo a capacidade fiscal do Estado, em prejuízo da segurança pública, da saúde, da educação”, destaca o secretário-geral da ICM, Ambet Yuson.
No Brasil, também integrantes progressistas da Igreja Católica estão convocando seus seguidores para aderir à greve. Em vídeo (veja aqui), o arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, reafirma a necessidade de ir às ruas no dia 28 “gritar pela dignidade do povo brasileiro”. “É o momento de manifestar o nosso patriotismo e a nossa dignidade, de um povo que busca a vida e a vida em abundância”, diz.
Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que foi anunciado pelo Vaticano este ano como novo arcebispo da Paraíba, na sua mensagem de apoio à paralisação, destacou que a Reforma da Previdência é "inaceitável". "Sabemos que esta reforma implica em tirar direitos adquiridos dos trabalhadores e assegurados na Constituição de 1988", diz . "Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando."
* Com informações de Gislene Madarazo, da CUT Nacional