Nota do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) critica os ataques do presidente da República à memória de Fernando Santa Cruz, desaparecido em 1974, durante a ditadura. Para a entidade, Bolsonaro precisa responder por elas na Justiça. Na íntegra, abaixo:
Senge-RJ se solidariza com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz
Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) manifesta seu repúdio às declarações chocantes e desrespeitosas do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz durante a ditadura.
A falta de decoro do presidente é incompatível com o cargo que ocupa e com os princípios de civilidade dentro do Estado de Direito. Ofende todas as vítimas da brutalidade do regime militar, quando o país registrou mais de 400 desaparecidos, a democracia e a sociedade brasileira.
Feitas para constranger o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, filho do militante desaparecido no carnaval de 1974, as afirmações de Bolsonaro ultrapassam os limites aceitáveis. Somam-se a outros posicionamentos repugnantes do presidente –como as desqualificações de povos indígenas ou as ameaças feitas ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil – e têm a função, de um lado, de corroer o tecido democrático do pais, e, de outro, de lançar uma cortina de fumaça sobre os ataques diários feitos pelo governo à soberania nacional, ao meio ambiente, aos direitos dos trabalhadores e à estrutura pública do Estado.
Uma vez que sabe o que aconteceu com Fernando Santa Cruz, Bolsonaro tem agora a obrigação de revelar não só à família mas a todo o país, em nome dos direitos humanos e da memória histórica, as circunstâncias do seu“desaparecimento” – ou, mais exato dizer, da sua morte. Também deveria responder pela tentativa de intimidação do cidadão Felipe Santa Cruz e da entidade que representa.
A dignidade da pessoa humana está assegurada pela Constituição Federal e o chefe do Poder Executivo não pode desrespeitá-la.
O Senge-RJ espera que o Ministério Púbico Federal, o Supremo Tribunal Federal (STF) e demais entidades garantidoras do Estado de Direito não deixem impunes as agressões à memória do desaparecido político e à sua família, com quem o sindicato integralmente se solidariza.
Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ)
Fórum Estadual dos Engenheiros Agrônomos (FEEA)/Senge-RJ
Rio de Janeiro, 29 de julho de 2019