Jorge Folena*
Em pouco mais de um ano e meio, o Brasil ingressou num verdadeiro estado de caos político, social e econômico e transformou-se numa terra sem perspectiva para a população, cada dia mais desesperada, empobrecida e entristecida.
Com o sopro ardente da maldade, estabeleceram o pesadelo que parece não ter fim. E impuseram, de cima para baixo, a destruição do país que crescia, florescia e dava sinais de esperança de uma vida melhor para milhões de brasileiros que, anteriormente, jamais haviam tido qualquer oportunidade.
A partir de junho de 2013 surgiram, aparentemente do nada, os ventos fortes de uma suposta “primavera brasileira” que estaria por vir. Os movimentos de rua, nas grandes cidades brasileiras, pegaram políticos e cientistas sociais de surpresa, porque não souberam identificar suas reais origens.
Muitos pensaram que se tratava de autêntica onda revolucionária, impulsionada espontaneamente pelo efeito das modernas redes sociais, e quiseram crer que uma simples reivindicação de redução em vinte centavos no preço da tarifa das passagens de ônibus poderia ser a mola propulsora da grande revolução popular brasileira.
Hoje se sabe que, por detrás das manifestações de 2013, havia perigosos interesses internacionais a financiar uma duríssima investida contra a soberania do país, a exemplo do que já se tinha passado em 2010, no Norte da África e no Oriente Médio, com a tal “primavera árabe”, que culminou em brutal retrocesso social, político e econômico para os países daquela região, após serem tomados por imaginários levantes populares.
Tais levantes foram muito semelhantes aos que ocorreram na Turquia (onde se constituíram em verdadeira conspiração de Estado); são parecidos com os que ocorrem, na atualidade e com igual motivo, no Irã; estão também na origem dos ventos nocivos que tentam o tempo todo fazer soprar sobre os ares da Rússia e China; sendo os mesmos que já invadiram o território da Venezuela. A reuni-los, o fato de que todos os países citados se opõem (ou se opuseram) aos interesses hegemônicos do capital das bancas anglo-americanas.
As marchas de junho de 2013 serviram de porta-estandarte para o que viria a acontecer no decorrer do processo eleitoral de 2014 no Brasil, quando começaram a sabotar de forma criminosa o próprio país, com a única finalidade de impedir a reeleição de Dilma Rousseff no final de outubro daquele ano.
Referida sabotagem foi instrumentalizada pelos representantes de interesses locais e alimentada pelos raivosos contra os avanços sociais, associados para a destruição do projeto de uma nova nação. Paralisaram o país mediante um lockout, que fez a produção e o consumo interno serem reduzidos até levar o país ao caos.
Vale lembrar que em fevereiro de 2014 o Brasil registrou o maior consumo de energia de sua história; e, para se estabelecer o verdadeiro desencadear dos fatos, é preciso também registrar que o desemprego teve início expressivo exatamente a partir de julho do mesmo ano, conforme dados, respectivamente, da Aneel e do IBGE. Ou seja, estas duas informações deixam evidente que o país crescia mas foi propositalmente paralisado por causa das eleições.
Os empresários que aderiram a esse movimento hoje choram, porque depois disso ingressamos na maior tragédia política nacional, que culminou no sórdido golpe político, que afastou do poder uma presidenta da República que não cometeu qualquer delito. O destino do país foi entregue nas mãos dos atuais dirigentes, que se dedicam a atuar diariamente contra o povo, mediante a retirada de verbas da educação, saúde, ciência e tecnologia, a implantação de limitações para as aposentadorias, a redução dos salários, entre outras maldades.
Não satisfeitos, entregaram a maior descoberta brasileira de todos os tempos, os campos de petróleo da área do pré-sal, de forma a permitir que petroleiras estrangeiras explorem petróleo sem pagar tributos, podendo comprar todos os equipamentos no exterior, sem gerar qualquer emprego ou vantagens para os brasileiros.
E, em total menosprezo à noção de soberania nacional, querem entregar aos norte-americanos a base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, bem como a empresa brasileira de construção de aviões (Embraer).
No dia 4 de janeiro foi anunciado que a Petrobras irá fazer um acordo com acionistas norte-americanos, em decorrência de uma ação judicial sobre cuja procedência, origem ou causa pouco ou nada se sabe.
Nesta tragédia em que se envolveu o Brasil, perdem os empresários e os trabalhadores brasileiros; ganham os bancos e o mercado financeiro internacional, que não têm alma nem pátria.
Conforme afirmou certa vez o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, o país está à deriva, com suas forças políticas e sociais completamente desequilibradas e sem condições de restaurar a esperança necessária para nos recolocar no rumo do crescimento.
Muito brasileiros desavisados, juntamente com outros mal-intencionados, jogam o destino do país nas mãos de juízes e tribunais, que são meros integrantes de uma estrutura de poder historicamente constituída para reprimir, não sendo seu papel o de fazer a legítima política, pela qual se constrói uma nação.
A salvação não virá jamais dos tribunais, pois somente poderá vir da política e do equilíbrio das forças políticas e sociais.
Por tal razão, vejo que afastar Lula do processo eleitoral de 2018 poderá constituir a quebra do consenso político que favoreceu trabalhadores e empresários nos últimos anos de desenvolvimento do país. Além de representar o grave risco de ampliação do fascismo e do ódio que tomaram conta do país desde quando sopraram os ventos de junho de 2013, cujo único objetivo, como hoje é possível inferir, era atentar contra a soberania do Brasil.
*Jorge Folena é advogado e cientista político