Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000), à frente de uma das gestões mais combativas da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), acusou FHC de se pretender “dono” do país e não seu servidor, ao decidir vender as operadoras de telecomunicações, na transação depois conhecida como “privataria tucana”. Em artigo escrito em 1998 para o Jornal do Brasil, o jornalista, ensaísta, imortal da ABL, defendeu a soberania popular sobre o patrimônio público e, nos casos de interesse em aliená-lo, a realização de consulta pública por meio de referendo, como prevê a Constituição, em seu artigo 14.
“O presidente, por mais que fosse a sua empáfia, não passa de um administrador temporário de bens cuja propriedade era exclusivamente do povo brasileiro. Por que, pois, não ouvir o dono no processo de alienação?”.
Na ocasião, Barbosa Lima Sobrinho, então com 101 anos, lamentava que a idade não o permitisse mais ir às ruas enfrentar a polícia nos protestos contra a privatização da Telebrás. É possível imaginar o que sentiria ao ver o governo Temer, alçado ao poder por um golpe jurídico-parlamentar, lançar um programa alinhado à chapa derrotada nas eleições de 2014, e que prevê a venda de 57 empresas – entre elas a Eletrobrás e a Casa da Moeda -, no maior pacote de privatização em 20 anos. Para o jornalista, que entrou para história como referência de integridade e coragem, o patrimônio público era nada menos do que “sagrado”.
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