Ceci Juruá*
Tenho amigos-as que demonstram receio em votar em qualquer candidato do PT. Há o receio de que eles, os petistas, ao se elegerem, alimentem o clima de ódio, de vingança, de competição selvagem, entre brasileiros, entre amigos, entre membros de uma mesma família. Ao proceder desta forma, as pessoas que assim pensam renunciam à soberania popular, ao direito ao voto, livre, secreto. Renunciam a um direito de cidadania. Este poderá ser um dos efeitos do fascismo à moda norte-americana, em vias de se instalar no Brasil. Na verdade, mais macarthismo que fascismo. Estudem o macarthismo. No Brasil não se fala sobre isto, é tema esquecido, como se não tivesse acontecido!
E no entanto é o PT, os deputados do PT, os senadores do PT, junto com PCdoB, com PSOL, com alguns elementos do PDT e do PSB, com raros membros do PMDB, são os deputados e os senadores do PT, e os poucos governadores do PT, com destaque para Minas Gerais, Bahia e Acre, são estes os indivíduos que mais se destacaram nos dois anos de combate e de resistência à ditadura e ao macarthismo.
Quando se analisa a imprensa, são os jornais, boletins e blogs defensores ou vinculados ao PT, são eles os principais veículos de difusão dos atos de resistência do povo brasileiro. Resistência ao estado de exceção. Resistência à destruição das empresas nacionais. Resistência contra a entrega das riquezas brasileiras ao imperialismo organizado mundialmente sob a liderança de anglo-saxões.
Mas o PT sabe que, se vencer, não vencerá sozinho. O PT conhece bem o inimigo que está enfrentando, embora não se pronuncie publicamente a respeito. É o único partido político que pode disputar um lugar na arena anti-imperialista. O único partido que consegue antever os passos do neoliberalismo financeiro. Porque foi acossado por eles durante quase 15 anos de exercício dos poderes de Estado. Acossado e assediado. O PT sabe exatamente quem foram os mentores, os autores, os executantes finais do golpe de maio de 2016. Porque sabe tudo isto, poderá melhor defender-se, e nos defender.
Juntos, PT e o povo brasileiro poderão enfrentar esta quase batalha final, à nossa frente, em futuro próximo. Porque o PT conhece “aquela outra gente”, e porque o PT sabe que sozinho não poderá vencer, sabe com quem pode contar e identifica corretamente os atores capazes de executar um fuzilamento pelas costas. Por tudo isto, o PT hoje é um partido apto a enfrentar esta crise e a fase do enfrentamento quase final. O único partido capacitado para as tarefas necessárias, essenciais, nesse momento. Ou ficamos com ele, e o agrupamento que o apoia explicitamente, ou corremos o risco de ser devorados pelo macarthismo dos “brothers”. São estes que fabricaram e alimentam o antipetismo. Sabem fazer isto, há séculos de dominação mundial.
Contra o macarthismo, contra o fascismo, contra o imperialismo. A hora é esta. Haddad é um espaço de consenso mínimo onde podemos nos abrigar e construir agora esta vitória, que está ao alcance de nossas escolhas e de nossas decisões.
*Economista, pesquisadora independente, escritora. RJ, setembro 2018