O campo progressista tem professores, cientistas, sindicalistas, educadores… por que eles não estão militando e fazendo campanha intensiva nas redes?, questionou o sociólogo Sergio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC. Durante o Soberania em Debate que discutiu Redes Sociais e Soberania, na sexta-feira (19), o pesquisador fez um apelo enfático para que as pessoas comecem a disputar seriamente o espaço político das redes sociais, contra o bolsonarismo. “Entrem na briga”, pediu. “Não estamos lutando contra qualquer coisa; estamos lutando contra a besta fascista.”
Isso significa, explica Sergio Amadeu, fazer campanha, desmentir fake news, compartilhar informações e posts relevantes para a resistência democrática, de forma sistemática, como uma missão militante consciente. Porque o fato é que o campo democrático ainda não entrou para valer na disputa das redes sociais, que tanto tem servido à extrema direita. “Estamos frágeis nas redes”, alertou. “A gente não estava prestando atenção nisso. Mas agora é preciso entrar na disputa. São menos de 50 dias [até as eleições].”
A convicção de que é preciso levar a militância para a arena digital é também a inspiração do livro “Como Derrotar o Fascismo (nas eleições e sempre)”, escrito em conjunto com o jornalista Renato Rovai, editor da revista Fórum, recém-lançado. O livro, diz Amadeu, ”traz um chamamento para as pessoas se engajarem na luta contra o fascismo.”
A primeira parte da obra explica por que o fenômeno político da extrema direita atual pode ser caracterizado como uma forma de fascismo. A segunda, analisa o terreno do embate, as redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas. E a terceira parte é o guia prático para entrar no jogo — “para as pessoas formarem grupos de amigos e atuarem nas redes sociais”, diz o pesquisador. “É bem propositivo, prático, escrito com base em várias experiências minhas e do Rovai.”
Segundo o sociólogo, “o fascismo se recompôs digitalmente no mundo, e no Brasil em especial”. Contra ele, e os grupos fascistóides por ora organizados em torno da figura de Bolsonaro, “cada pessoa que puder estar na rede desequilibra a nosso favor”.
Por isso, o pesquisador pede que as pessoas se organizem, façam coletivos digitais, fortaleçam os bons conteúdos. “Quando a pessoa dá like, está ajudando aquele conteúdo a ganhar mais expressão na rede, porque o algoritmo é feito para monetizar o que chama mais a atenção. Quando dá like, joga o conteúdo para cima. Então chama os amigos, uma cerveja, e sai dando like, replicando… não fique parado na rede. Meu chamamento é: engaje-se, mexa-se.”
> Soberania em Debate é realizado pelo movimento SOS Brasil Soberano, do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ)
> Confira o Soberania em Debate com o sociólogo Sergio Amadeu, entrevistado pela jornalista Beth Costa e pelo advogado e cientista político Jorge Folena, ambos da coordenação do SOS Brasil Soberano