Construir mandatos efetivamente populares, que fortaleçam as lideranças de base nas comunidades e periferias, são os objetivos de Reimont Otoni e Robson Leite, pré-candidatos pelo PT-RJ, respectivamente, à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
“Há cerca de três ou quatro anos partimos para uma estratégia de formação política, com grupos de companheiros que militam nas áreas sociais”, explica Reimont. Segundo ele, esses militantes não atuam com a abrangência da ação partidária ou da luta institucional, mas fazem a interlocução direta com a população da sua própria região.
“Uma coisa é eu ir na comunidade falar, outro é o Julião, que mora lá, que fala com o vizinho, sabe onde o sapato aperta; ou, em Acari, o Renan, uma liderança petista que conversa com as pessoas sobre o dia a dia delas”, compara Reimont, atualmente no mandato de vereador na Câmara carioca. “Nosso mandato é popular, e esse é o nosso compromisso: trabalhar a formação política. Colocar o mandato de deputado federal, em Brasília, ou na Alerj, para fortalecer a luta da juventude, dos líderes nas diversas comunidades do Rio. A gente tem que entender que os movimentos sociais precisam ter voz.”
Robson Leite destacou a urgência em derrotar o bolsonarismo no Rio de Janeiro. Na sua avaliação, é necessário “vencer no Rio para vencer no país”. Professor universitário e funcionário concursado da Petrobras, o ex-deputado estadual (de 2011 a 2014) destaca a interferência do Executivo nos destinos da população fluminense. “O governo federal vem atuando sistematicamente contra o estado, desde a Constituição de 88, especialmente na questão do ICMS. O centro da questão política nacional passa pelo Rio, que gestou o ovo da serpente.”
O pré-candidato à Alerj frisa, ainda, que o Rio tem a polícia “que mais mata e morre, índices aviltantes de extermínio de jovens pobres e negros, e é o estado que supera as médias de desemprego do país”. Além disso, diz, “há esse governo do vice do Witzel [Cláudio Castro], o breve, envolvido em mil escândalos de corrupção. Vamos eleger o Freixo [Marcelo Freixo, pré-candidato a governador] e Lula.”
O cenário será bastante difícil em 2023, observa Reimont. “O presidente Lula vai receber um governo que acabou com o país, transformou o país numa terra arrasada. Temos 7 milhões de famílias sem moradia, 14 milhões de desempregados, 40 milhões no subemprego, 116 milhões, mais da metade da população, vivendo com insegurança alimentar; temos uma realidade de brasileiros vivendo com menos de R$ 100,00 por mês numa família.” Além disso, o pré-candidato a deputado federal reconhece o desafio de fazer campanha no estado, onde há milícias “provocadas pela correia de transmissão do bolsonarismo no Rio, onde a morte está anunciada em cima dos telhados”.
No Congresso, Reimont pretende combater as privatizações das empresas estratégicas de energia (Eletrobras, Furnas, etc) e os ataques aos bancos públicos, além de enfrentar propostas ultraconservadoras, que retrocedem o patamar civilizatório da sociedade, como o homeschooling. “Nosso desafio lá em Brasília é não tergiversar. Estamos fazendo uma aliança ampla, porque nossa luta é contra o fascismo, o bolsonarismo.”
Primeiro turno
Nesse enfrentamento, Robson Leite, pré-candidato a deputado estadual, alerta: “É real a ameaça de golpe.” Na sua avaliação, Bolsonaro só não conseguiu interromper o processo democrático, porque não teve apoio popular suficiente. “O 7 de setembro foi uma ameaça muito clara. E o STF demorou muito para perceber. Agora já está ensaiando a questão das urnas.”
Por isso, Robson reforça a necessidade de as eleições serem resolvidas logo no primeiro turno. “Faço um apelo aos eleitores que estão, por exemplo, com Ciro Gomes. É muito mais difícil questionar um resultado de uma eleição de primeiro turno com 513 deputados eleitos e cerca de mil deputados estaduais, 27 governadores e senadores. Mas um segundo turno é uma ameaça real.”
O grande capital brasileiro, diz o pré-candidato, “experimentou como nunca a renda pública e privada – do trabalhador e do orçamento público, com as reformas – deformas – trabalhista, da Previdência, o teto de gastos, e não quer perder isso, mas tem essa questão, de o governo atual ser o da barbárie.” A saída, segundo Robson, é o envolvimento cada vez maior da população na representação política, “dando voz e vez” a quem quer construir politicamente.
“O PT chegou aonde chegou em 2002, porque as nossas prefeituras ensinaram um jeito diferente de fazer política pública, com orçamento e gestão participativa”, afirma Robson. “Primeiro passo para estar presente na ponta, é formar pessoas, construir políticas com a realidade, do desemprego, da violência, do supermercado, da ausência do poder público. O Reimont falou muitas vezes isso, que o braço da polícia tem que ser o último braço presente. O primeiro é o ouvido, entender a realidade de quem está envolvido. A maldade do discurso meritocrático é camuflar a desigualdade, nosso maior problema. A mídia colocou na cabeça da classe média que o maior mal é a corrupção. Não é; é a desigualdade.”
> Soberania em Debate é realizado pelo movimento SOS Brasil Soberano, do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ)
> Confira o Soberania em Debate com os pré-candidatos pelo PT do Rio de Janeiro, respectivamente ao Congresso e à Alerj, Reimont e Robson Leite, entrevistados pela jornalista Beth Costa e pelo advogado e cientista político Jorge Folena, ambos da coordenação do SOS Brasil Soberano