Camila Marins*
O IBGE anunciou, no dia 1º de março, os resultados das contas nacionais de 2017. Após dois anos de queda, o PIB (Produto Interno Bruto) registrou aumento de 1% em relação a 2016 (taxa acumulada no ano). “O setor que impulsionou o crescimento foi a agropecuária, com 13% de elevação, seguido da extrativa mineral, com 4,3%. O setor de serviços e a indústria seguem estagnados e os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recuaram 1,8%”, explicou o economista e técnico do Dieese, Adhemar Mineiro, durante uma palestra realizada no Planejamento Estratégico da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), na manhã do dia 2/3.
De acordo com o economista, parte da sensação de melhora nos investimentos se deve ao recuo em 10,5% da FBCF em 2016. “No setor externo, as importações quase se equipararam às exportações, o que é preocupante. O Brasil exportou, principalmente, commodities agrícolas e automóveis e importou petróleo refinado, artigos de vestuário e bebidas”, pontuou Adhemar, destacando que a agropecuária tem um peso pequeno no conjunto da produção. “O Brasil está voltando a ser um simples exportador de commodities, minérios, energia e produtos agropecuários, cada vez mais como base dinâmica da economia brasileira”, alertou.
Embora com um número ainda preocupante, o desemprego segue estável, com ligeira melhora, passando de 12,6% em 2016 para 12,2% em 2017. “O aumento da ocupação ocorreu pelo aumento dos chamados trabalhadores por conta própria. O emprego com carteira assinada segue em queda, mas a taxas menores. Ou seja, o emprego formal continua caindo, mas em menor intensidade”, afirmou. Trabalhadores por conta própria são representados por pessoa sem vínculo com a CLT, que podem ser PJ (Pessoa Jurídica), informais, MEI etc.
Em relação à situação fiscal, Adhemar afirmou que é insustentável. “A crise econômica, iniciada pela recessão e turbulências a partir de 2015, aprofundou-se movida a golpes de quedas da receita tributária, corte de gastos e ampliação da despesa financeira, crescimento da dívida pública, além do aumento do desemprego”, pontuou, enfatizando que a estratégia oficial, de captação de investimentos externos naufraga com um cenário internacional turbulento e um aumento da percepção de que o Brasil representa risco para os investidores externos. “O processo político ao longo de 2018 acrescenta a este cenário ainda mais incertezas, que não devem ser resolvidas no curto prazo”, finalizou.
*Camila Marins é jornalista e coordenadora de Comunicação da Fisenge.