Sergio Muylaert*
Eram 165 opositores ao despótico regime político, quando a ilha de Cuba seria fortemente sacudida por uma iniciativa patriótica. O país sob as graças de Fulgêncio Batista era, então, o antro dos negócios ligados aos interesses externos. Por muito que se recorra aos métodos de propaganda enganosa, fatos ressurgem com as pesquisas mostradas pelo cinema, decorridos 67 anos.
No quartel de Moncada, região Sudeste da Ilha, um ataque surpresa foi desfechado por grupos de oposição. Era o dia 26 de julho de 1953. A esta ruidosa tentativa se somou a invasão do quartel de Cespedes. Resumo: liquidados do grupo 70 componentes. Os demais aprisionados. Entre eles, o líder do movimento, a quem o governo de Cuba submeteu a julgamento de um Tribunal de Exceção.
Seria dispensável comentar a natureza do julgamento, que se revelou desprovido de notícia jurídica. Tratava-se, exclusivamente, de condenação prévia, a que o Advogado Fidel Alejandro Castro Ruz foi submetido, e realizou sua própria defesa. Era o início histórico da “Causa nº 1”, com o mais exímio discurso proferido, “A história me absolverá.” Foi condenado a 15 anos de reclusão.
Castro foi anistiado em 1955, quando segue para o México, para retornar com 83 membros do grupo, embarcados no iate Granma. Em 1956, a partir de dezembro, deu-se início a fervorosa campanha global. Em janeiro de 1959, a conquista definitiva da capital, Havana, foi acompanhada da inevitável e desesperadora fuga de Batista, membros por ele chefiados, aliados e muitos de seus sicários, cúmplices do crime internacional. Era o fim de uma inqualificável e decrépita quadra da história de um regime antipopular e antinacional.
* Sergio Muylaert é advogado e escritor. Membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros, ex-procurador-geral da Universidade de Brasília, foi vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia do Ministério da Justiça e fundador e presidente da Associação Americana de Juristas (Brasília).