O Instituto dos Pretos Novos (IPN) é o centro cultural e de memória criado a partir da descoberta de um sítio arqueológico, o Cemitério dos Pretos Novos, no subsolo de um casarão do século 18 na Gamboa, bairro da zona portuária do Rio de Janeiro. Apesar de fazer parte do Cais do Valongo, região declarada Patrimônio Mundial pela Unesco, está precisando de doações para continuar existindo. Preservar a memória desse espaço é uma forma de prestar uma tardia homenagem a esses antepassados, cujo sangue e o sacrifício assinam uma triste página da nossa história. A vergonhosa escravidão que deixou como herança o preconceito racial, a intolerância religiosa e a desigualdade social.
Saiba mais:
“Quando fazia uma reforma em sua casa, na rua Pedro Ernesto, 36, na Gamboa, em janeiro de 1996, o casal Merced e Petrucio Guimarães encontrou ossos humanos junto à terra revolvida pelos pedreiros, cada vez que uma pá atingia o solo. Em razão da surpreendente descoberta e de sua sensibilidade em relatar o fato às autoridades, o casal e suas 3 filhas ficaram desalojados durante quatro anos vivendo no galpão da sua empresa, transformado em abrigo para a família. A Prefeitura do Rio foi acionada e, após consulta a arqueólogos e historiadores, concluiu que ali estava o único cemitério de escravos recém-chegados ao Porto do Rio de Janeiro – Cemitério dos Pretos Novos, mencionado pelos viajantes do século XIX. Muitos deles, como o alemão Freireyss, descreveram, escandalizados, a forma pela qual os escravos eram “enterrados” no local.
O Cemitério, originalmente criado em 1722 em frente ao Largo de Santa Rita, foi transferido em 1769 para o Valongo até 1830, quando foi fechado por reclamações insistentes dos moradores. Entre 1824 e 1830 recebeu cerca de 6 mil corpos em um espaço físico de aproximadamente 110 metros. Os corpos eram amontoados no centro do terreno até serem enterrados e posteriormente queimados. De acordo com registros encontrados no Arquivo Geral da Cidade foram sepultados ali 6122 pretos novos, sendo 60%homens, 30% mulheres e 10% jovens e crianças.”
*Dados retirados do folheto do IPN – A Saga dos Pretos Novos