Ednubia Ghisi, da Comunicação do Senge Paraná
“Nós só enfrentaremos essa situação de crise política se criarmos um amplo ambiente de força nacionais, que despreze os ressentimentos, as posições pré-concebidas, e que busque um acordo e uma unidade”, disse Aldo Rebelo, durante palestra no IV Simpósio SOS Brasil Soberano, realizado dia 14 de julho, em Curitiba. O evento é iniciativa da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), e, na capital paranaense, realizado com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).
Ex-deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB-SP) e ex-ministro das pastas de Esporte, de Ciência, Tecnologia e Inovação, e de Defesa dos governo Lula e Dilma, ambos do PT, Rebelo agora propõe uma “ampla união para a reconstrução nacional”. No dia 7 de julho, lançou um manifesto em que faz um apelo à “união nacional”, distribuído também durante o evento.
Para Rebelo, é urgente a coesão em torno de um projeto nacional, diante de um cenário em que o país ameaça ser reduzido a uma “colônia financeira e monetária, científica, tecnológica, cultural, militar” de interesses externos. “O primeiro dever de um patriota é defender a sua pátria”, garante o ex-ministro, que vê a questão nacional como central. “Eu vejo o Brasil com otimismo. Nós criamos uma grande promessa de democracia, porque nós temos uma capacidade de assimilar”, acredita.
Ele apresenta três grandes objetivos a serem alcançados por essa coalização nacional: o primeiro deles é o desenvolvimento – “não tem saída sem receita, sem a economia em crescimento” –; o segundo é a reindustrialização – “o sistema financeiro tem que se soltar para a sua finalidade mais nobre, que é financiar a indústria e o desenvolvimento”; por último, a soberania científica – “sem ciência e tecnologia, não passamos pela 4ª Revolução Industrial”.
Agricultura
Diante de críticas ao modelo de produção agrícola baseado em latifúndios produtores de monoculturas, Aldo Rebelo disse ter uma visão “mais generosa” sobre a agricultura. “Essa agricultura brasileira permitiu o acesso à alimentação. Eu vivi no tempo em que a proteína do pobre era o peixe salgado da feira”.
A maior produção de carnes, segundo o ex-ministro, é resultante da maior produção de milho e de soja, usados como ração, o que permite ao país enfrentar a competição com produtores europeus e americanos. “Ainda bem que temos soja para produzir e exportar, é por isso que nós temos 40% do mercado mundial de frango, porque produzimos a ração, a soja e o milho”, opina. Para Aldo Rebelo, o agronegócio brasileiro não é de monocultivos. “Nós não temos monocultura no Brasil, nós somos grandes produtores de várias coisas”.
A visão “generosa” com relação ao agronegócio nacional leva o ex-ministro a uma previsão: “O Brasil será mais importante naquilo que é mais importante para o mundo, a segurança alimentar”.
Forças Armadas
O ex-mininistro da Defesa destacou, ainda, a relevância das Forças Armadas. “Um país que não tem Forças Armadas compatíveis com o seu tamanho não é respeitado. É como um adulto que ainda pensa que é adolescente”, sintetiza, frisando a extensão territorial continental do país: 17 mil quilômetros de fronteira terrestre e 8 mil km de costa litorânea.
“O Brasil vive assediado, cercado, porque tem muitas potencialidades, muitas capacidades”, diz.
Conversas de botequim
Sobre especulações de veículos de comunicação sobre a sua transferência do PCdoB para o PSB, o ex-ministro diz que é uma inverdade, embora confirme sua proximidade com o PSB, em especial por relações anteriores com Miguel Arraes e Eduardo Campos. Ainda no campo das suposições, ele reconhece que há “conversas de botequim” a respeito de ocupar a vice-presidência em chapa com Rodrigo Maia (DEM) para uma eventual eleição indireta. Mas que, mesmo tendo boa relação com Maia, nunca teria conversado com ele a esse respeito.