A Agência Nacional de Águas (ANA) está elaborando uma resolução que vai alterar os critérios de operação dos reservatórios da Bacia do São Francisco, de modo a assegurar que a demanda energética não ameace a segurança hídrica das populações. A informação foi dada pelo diretor-presidente da agência, Vicente Andreu Guillo, que participou do II Simpósio SOS Brasil Soberano – Engenharia, tecnologia e aproveitamento de recursos naturais no Brasil, realizado a 27 de abril pelos sindicatos dos engenheiros do Rio de Janeiro e da Bahia (Senge-RJ e Senge-BA) e pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiro (Fisenge), em Salvador.
“Não podemos mais ficar sujeitos ao terrorismo energético”, afirmou. A mudança na gestão para promover a garantia do abastecimento já foi feita, também mediante resolução da ANA, para a bacia do Paraíba do Sul, onde ele atribui a seca diretamente ao uso excessivo das reservas para a geração de energia. No caso do São Francisco, o impacto da nova gestão sobre o setor produtivo deve ser maior, uma vez que suas reservas geram 10 mil Megawatts, explicou. Os novos critérios de operação vão prever, por exemplo, a redução da geração de energia, sempre que os reservatórios caiam a níveis considerados críticos. “Terão que gerar a energia de outras fontes. A função do São Francisco é garantir a segurança hídrica da região.”
De acordo com Andreu, a resolução está em processo de negociação junto ao setor elétrico e de meio ambiente. A expectativa é que a resolução seja publicada no segundo semestre. O diretor-presidente da ANA adverte que há sinais de retorno do El Niño ainda em 2017, com chuvas no Sul e seca no semi-árido. “Neste caso, a se confirmar, o quadro se agrava, porque entraremos em 2018 sem ter superado totalmente a crise anterior.”