Nove homens, com idades entre 26 e 57 anos, mortos a facões e tiro. É o que dizem os primeiros dados da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec) sobre os assassinatos do último dia 20 na gleba Taquaraçu do Norte, no município de Colniza, região marcada por violências contra assentados e agricultores. A Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT) divulgou nota cobrando “apuração rigorosa e correta”, para a qual vai pedir a participação da Polícia Federal, devido ao histórico de brutalidades na região provocadas por disputa de terras.
“A Ordem, por meio da Comissão de Direitos Humanos, acompanhará toda a investigação cobrando uma apuração rigorosa e correta do caso. Ainda, a entidade solicitará à Polícia Federal que atue conjuntamente com as forças policiais do Estado no procedimento investigatório”, diz a nota. “Isso porque há muito tempo a questão agrária e fundiária, especialmente na região Norte de Mato Grosso, deixou de ser palco de disputa de terras para se tornar um cenário de violência constante e descontrolada.”
Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos, Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos, que era pastor da Assembleia de Deus. Os corpos, resgatados apenas no dia 21, devido à dificuldade de acesso à região, foram identificados pela Politec e liberados neste domingo (23), para sepultamento, segundo a Secretaria de Segurança do Mato Grosso. “Informações preliminares apontam que as vítimas apresentam sinais de facadas e tiros”, afirma a nota da Secretaria.
Reportagem de Fátima Lessa, para a Agência Estado também informa que os homens podem ter sido vítimas de tortura: alguns deles estavam amarrados e um teve a orelha cortada – mortos por facões e uma arma calibre 12.
“O massacre ocorrido em um assentamento rural no Mato Grosso, ceifando vidas trabalhadoras, esperançosas, pisando com alegria o seu chão, clama aos céus e grita diante dos responsáveis que a justiça seja feita”, afirma o dominicano Dom Alano Maria Pena, arcebispo emérito da Arquidiocese de Niterói (RJ).
Dom Alano foi bispo auxiliar de Belém e bispo de Marabá entre 1975 e 1985, ou seja, inclusive no período em que se deu a Guerrilha do Araguaia. E combateu a ditadura ao lado de Dom Pedro Casaldáliga, que também se manifestou contra os crimes de Colniza, acusando o apoio do governo Temer aos interesses ruralistas pelo aumento da violência no campo (leia aqui).
“Todo e qualquer assassinato repudia imensamente a consciência humana e cristã”, diz Dom Alano. “Que Deus conforte as famílias enlutadas e conserve no seu coração, contra tudo e contra todos, a chama de uma esperança forte, que coisa alguma pode acabar, que aposte sempre no recomeçar da luta por um país melhor.”
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PARA SABER MAIS SOBRE OS CRIMES DE COLNIZA (MT)