Um poema de Lidia Pena para o povo da rua: Roleta

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Roleta

Um, dois, três, quatro, cinco

Enfileirados, encobertos, despercebidos

Rostos sem identidade

Pés esfolados

Dores caladas

Painel desbotado

Triste e silencioso

Expressão crua do momento retrógrado, dramático e cruel que se apossou do país de forma inescrupulosa, traiçoeira, marginal.

Um, dois, três, quatro, cinco

Corpos enrolados, tentando também se proteger do frio no início da noite, na Cinelândia, bem perto de uma boca do metrô, onde se movimentam os pés calçados, os rostos expostos, as roupas de cor.

Lidia Pena

junho/2018

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