Quem ouviu o chamado de Wilson das Neves?

Profecia, crônica social, advertência aos poderosos de ocasião, alerta geral: quem ouviu? “O dia em que o morro descer e não for Carnaval”, parceria de Wilson das Neves, falecido no último dia 26, e Paulo César Pinheiro, foi lançada há 21 anos, em 1996, anos de governo FHC, que faria uma gestão marcada por privatizações — todo do sistema de telecomunicações, a Vale do Rio Doce, a Embraer, entre outras –, denúncias de corrupção (compra de parlamentares para votarem a reeleição), aperto fiscal, favorecimento de instituições financeiras (os fundos de pensão beneficiados nas privatizações) e fim do imposto sobre juros e dividendos. A essência do programa derrotado em 2014, que o golpe jurídico-parlamentar traz agora de volta ao país, com seu arrasto de pobreza, desigualdade e desemprego. Nestes tempos de desalento, em que mais que nunca é preciso lutar e resistir, fica a homenagem do projeto SOS Brasil Soberano ao sambista Wilson das Neves, que nos deu tanta beleza e potência. De um país que teve Wilson das Neves só se pode dizer: Ô sorte!

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