Participação da indústria no PIB recua para a década de 1910

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Embora o presidente Michel Temer tenha declarado publicamente nesta sexta-feira (7), durante o encontro de cúpula do G20, em Hamburgo (Alemanha), que o Brasil não está em crise, a expectativa do FMI é que o país registre o pior desempenho econômico do grupo pelo terceiro ano seguido, segundo informações da BBC. O economista Marcio Pochmann, professor na Unicamp, destaca que a contribuição da indústria brasileira no PIB caiu a patamares comparáveis aos do início do século passado, ou seja, aos anos de 1910.

Pesquisa recente do Centro de Estudos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Cemec), publicada pela Folha de S. Paulo, indica que a taxa de investimentos de empresas e famílias caiu de 19% do PIB, no seu ponto mais alto, em 2013, para 13,7%, em dezembro de 2016, o pior desde 2000. “Nos anos 2000, concomitante à recuperação do crescimento da economia nacional com a inclusão social, os investimentos voltaram a apresentar trajetória ascendente, porém barbaramente interrompida pelo curso da atual recessão econômica”, diz Pochmann. “Com isso, a indústria brasileira passou a deter participação no PIB compatível com a década de 1910, enquanto a taxa de investimento aproximou-se de 1/10 do PIB, a mais baixa da série do IBGE.”

“Sem a saída mais rápida possível da recessão”, adverte o economista, “o Brasil tende a manter o sentido da queda na taxa de investimento, comprometendo ainda mais o sistema produtivo e o nível de emprego e renda dos trabalhadores no país.”

Ele observa que, desde a década de 1980,“a taxa de investimento no Brasil não tem conseguido reproduzir desempenho comparável com o verificado durante o ciclo da industrialização nacional (1930 – 1980). “Sem a expansão dos investimentos, o país assistiu ao avanço do processo de desindustrialização precoce, e que terminou sendo acompanhado pelo baixo dinamismo econômico e pela estagnação da renda por habitante.”

Deflação
Esta semana, o IBGE também anunciou a primeira deflação (queda nos preços) no país em 11 anos – a última data de junho de 2006. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, fechou o mês de junho com queda de 0,23%. Em maio, o índice havia registrado aumento de 0,31%. O resultado é o mais baixo para o mês de junho desde o início do Plano Real e o primeiro resultado mensal negativo desde 2006, quando foi registrada deflação de 0,21%. Em agosto de 1998, a taxa atingiu -0,51%.

O que mais puxou esse resultado foram as quedas nos preços da energia elétrica, dos transportes e dos alimentos, segundo o IBGE. Deflações, contudo, são características de recessões severas, quando os fabricantes não conseguem vender seus produtos, porque os consumidores estão sem dinheiro. Como diz um meme que circula nas redes sociais, no atual caso brasileiro, “comemorar a deflação é como comemorar não ter cáries porque todos os dentes já caíram”. Revela, basicamente, a estagnação da economia e o empobrecimento do cidadão.

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