Paralisação de caminhoneiros é locaute e também é greve; liderado pela direita, ecoa problema real da população, diz jornalista Breno Altman

A paralisação dos caminhoneiros e de outros profissionais de transporte é greve ou é locaute? As duas coisas, diz o jornalista Breno Altman, fundador e diretor editorial do site Opera Mundi, durante o Soberania em Debate, promovido pelo SOS Brasil Soberano nesta quinta-feira (24). “É a combinação de três movimentos. Um movimento de corte patronal, dos grupos de transporte e de logística, pressionando para reduzir o valor do combustível, em especial do diesel; uma greve de autônomos (motoqueiros, motoristas de VANs etc), que são ainda mais prejudicados do que as grandes empresas; e dos trabalhadores das empresas transportadoras, que os utilizam como tropa choque, mas que também são atingidos pela situação, com demissões e grandes restrições salariais.”

Para o jornalista, trata-se de uma crise ampla, capitaneada pela ultradireita, mas que expressa uma contradição real, provocada pelo atual governo, ao alinhar os preços do combustível no país às oscilações internacionais. Nesse sentido, a Petrobras, diz ele, deixou de ser uma empresa estratégica. “Deixou até de produzir petróleo. Virou uma gestora de caixa, para regular o preço. O governo achou um caminho para melhorar o desemprenho da Petrobras, que já ia melhorar mesmo com o aumento no mercado internacional do preço pretróleo, e retirou qualquer papel de fomento ao desenvolvimento nacional da empresa. O mercado financeiro adora isso.”

Para quem trabalha na área de logística e transportes não há como cortar custos de combústivel, sem cortar o serviço prestado. “A tresloucada política de preço de combustível provocou o desmonte da base material do setor de logística”, afirma.

2013 e as bolas de neve

O jornalista também aponta paralelismos com os movimentos que tomaram as ruas em 2013. Embora tenham se iniciado com uma reivindicação pontual relacionada ao transporte – contra o aumento no preço da tarifa dos ônibus –, sofreram repressão violenta “e viraram uma bola de neve, de que se aproveitou a direita”. Agora, a questão do preço do combustível atinge uma parcela enorme da sociedade. Ou seja, diz Altman, “embora seja dirigido pela direita fascista, o movimento dos caminhoneiros vocaliza problemas de milhões de pessoas.”

Breno Altman foi entrevistado por Camila Marins, durante o Soberania em Debate sobre A nova ordem mundial, realizado pelo SOS Brasil Soberano, movimento promovido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e pela Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

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