O Brasil perde duas figuras maravilhosas numa só noite: Paul Singer e Dona Ivone Lara

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Morreu na noite desta segunda-feira (16), às 20h, em São Paulo, aos 86 anos, o economista Paul Singer, dos um dos maiores nomes da economia solidária e  um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Horas depois,  no Rio, perdemos Dona Ivone Lara, aos 96 anos, cantora e compositora, a grande dama do samba.

Na juventude, Paul Singer atuou como metalúrgico e liderou a histórica greve dos 300 mil em São Paulo, em

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1953. Graduado em Economia e doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo (USP), sempre foi ativo formulador, responsável pela melhor proposta de programa de desenvolvimento no PT, a partir do fortalecimento do mercado interno via distribuição de renda. Autor de vários livros didáticos e de pesquisa econômica, era referência obrigatória na intelectualidade do país.

Austríaco, chegou ao Brasil com oito anos, fugindo do nazismo. Foi integrante do CEBRAP, entidade que reuniu a nata dos intelectuais de oposição à ditadura militar. Foi Secretário de Planejamento na gestão de Luiza Erundina, na prefeitura paulista, no final dos anos 1980. Assumiu a Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligada ao Ministério do Trabalho, no primeiro governo Lula, em 2003, e se manteve até 2015, já no governo Dilma.

A Grande dama

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Formada em Enfermagem e Serviço Social, com especialização em Terapia Ocupacional, Ivone Lara foi uma profissional na área, onde conheceu Nise da Silveira, até se aposentar em 1977, quando passou a se dedicar à música, cujo DNA estava fortemente marcado em seu sangue. Filha de pais músicos, nascida em Botafogo, na zona sul da cidade, se tornou a maior compositora do samba e da música brasileira. Nenhuma outra mulher teve tantas vozes cantando suas músicas ou gravadas como ela.

Figura doce, de sorriso largo estampado no rosto, a poesia de suas letras emocionava a todos.  Com a fundação da escola de samba Império Serrano, em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Mas ela queria mesmo era compor. Em 1965, com o enredo Os cinco bailes da história do Rio, torno-se oficialmente a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola.

Em 2012, o Império Serrano, no Grupo de Acesso, homenageou a grande dama com o desfile "Dona Ivone Lara: o enredo do meu samba". E, em 2010, foi a homenageada na 21ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Em dezembro de 2014, foi tema da 19ª edição do Trem do Samba. Um mês antes, participou do primeiro dia de gravações do "Sambabook", em celebração à sua carreira, da gravadora Musickeria.

Maria Bethânia, Elba Ramalho, Criolo, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Adriana Calcanhoto e Zélia Duncan cantaram suas composições. Dona Ivone também gravou com Diogo Nogueira, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros.

Em 2015, entrou para a lista  10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio.

Alguns de seus muitos sucessos são cantados religiosamente nas melhores rodas de samba da cidade, da zona norte à zona sul, passando pela zona oeste. Entre eles, “Alguém me avisou”, "Mas quem disse que eu te esqueço”, “Acreditar”, “Sorriso Negro”, “Minha verdade” e a campeã “Sonho meu”.

O SOS Brasil Soberano presta aqui sua homenagem a Dona Ivone Lara e Paul Singer.

 

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