Morre Alberto Luiz Galvão Coimbra, fundador da Coppe e defensor incansável da pesquisa e do ensino

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Morreu nesta quarta (16), o professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, 94 anos, fundador do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), em 1963, que leva o seu nome desde 1995, numa homenagem feita pela universidade. A Coppe foi a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil e é hoje o maior centro de ensino e pesquisa da América Latina na área. Internado há mais de 15 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul do Rio, morreu de falência múltipla dos órgãos.

Mestre em Engenharia Química pela Universidade de Vanderbilt (1949), Luiz Galvão Coimbra lutou por um ensino com horário integral e dedicação exclusiva, e também por investimentos em pesquisa, numa época em que professor era atividade extra e em que as universidades estavam quase totalmente voltadas à formação exclusiva para o mercado.  Em entrevista ao jornal da AdUFRJ, em 2017, voltou a defender a universidade:  “Ela deve ser pública, gratuita e de excelente qualidade, a melhor que pudermos ter.”

A pós-graduação idealizada por Coimbra baseava-se em excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos, e aproximação com a sociedade. Um modelo que iria transformar o ensino universitário e inspirar vários outros centros de pós-graduação criados no país. Para driblar a falta de recursos das instituições, buscou convênios internacionais, inclusive na Rússia, em pleno regime militar.

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Durante a ditadura (64-85), foi conduzido coercitivamente, encapuzado, para depor no Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi, e fichado. Em 1973, o Conselho Universitário proibiu Alberto Luiz Coimbra de ocupar postos de chefia. O fundador da Coppe deixou então a universidade e foi acolhido pelo amigo José Pelúcio Ferreira, então na direção da Finep, empresa pública financiadora de ciência e tecnologia, onde passou dez anos exilado da vida universitária. Período que considerou “o pior de sua vida”.

A reabilitação veio em 1981, ainda durante o regime militar, quando recebeu o Prêmio Anísio Teixeira, do Ministério da Educação. Voltou à Coppe em 1983 e assumiu a coordenação do Programa de Engenharia Química, o primeiro curso da Coppe, no qual permaneceu como pesquisador até se aposentar, em 1993, tornando-se professor emérito da UFRJ.

“Lamentamos com profundo pesar a morte do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, um dos intelectuais formadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro", afirmou em nota o reitor da UFRJ, Roberto Leher. "Sua visão ampla e estratégica sobre a sociedade e a universidade construiu alicerces importantíssimos para a trajetória de milhares de profissionais. Em quase seis décadas atuando de forma dedicada na Coppe e na UFRJ, Coimbra contribuiu para o desenvolvimento econômico e social do país e iluminou o caminho não apenas de engenheiros, mas também da instituição universitária brasileira."

*Com informações da Agência Brasil

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