Lessa: serviços municipais de "engenharia popular"

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Para o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, em vez de privatizar e cortar os orçamentos públicos, o governo deveria investir na construção civil, em projetos de habitação descentralizados, com mão de obra e engenharia regionais, para gerar empregos e movimentar a economia.

“A construção civil usa materiais locais – areia, brita, pedra, mão de obra qualificada na região, que tem a capacidade de fazer a unidade residencial, uma engenharia poular imensa e importantíssima”, afirmou, durante a segunda mesa de debates, com o tema Estado, emprego e o setor de serviços, do I Simpósio SOS Brasil Soberano – Contra a crise, pelo emprego e pela inclusão, realizado dia 31, pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e pela Federação dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge). Outra sugestão do economista, que também foi reitor da UFRJ, é que todas as prefeituras ofereçam à população serviços de engenharia popular e assistência técnica na construção de suas casas.

Ele destacou, nesse sentido, a importância de projetos que levem em conta o sentimento de “pertencimento” das pessoas aos seus ambientes. E contra as restrições de gastos governamentais, propõe a ocupação de espaços públicos para desenvolver iniciativas que obedeçam aos interesses e às demandas de cada lugar. Inclusive com a abertura das escolas fora dos horários de aula.

“Há um patrimônio público colossal para ser disponibilizado”, disse, citando 1.300 escolas primárias só no Rio de Janeiro, cerca de cem centros de convivência e quase mil equipamentos públicos que ficam ociosos nos finais de semana. “A disponibilidade de espaço é enorme. Por que não abrimos esses espaços para [a comunidade] fazer o que quiser?” Entre outros resultados, esse aproveitamento da estrutura pública seria uma forma, na opinião de Lessa, de mobilizar o grande potencial criativo da juventude. “O patrimõnio público subutilizado é para utilizar”, disse, “não para privatizar”.

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